Substituição de Implantes Mamários por Gordura

Com o recente advento do Linfoma Anaplásico de Células Gigantes relacionado a Implante Mamário – BIA-ALCL, houve um aumento na procura, por parte de pacientes que possuem implantes mamários, pela remoção de suas próteses de silicone.

O conhecimento sobre essa doença, o BIA-ALCL, como muitos pesquisadores têm dito, está na sua infância. Já temos muitas informações sobre ela, mas não temos todas ainda.

Durante o processo de fabricação dos implantes mamários, existe uma etapa fundamental, e que é diferente de um fabricante para outro, chamada texturização. Implantes mamários de superfície texturizada de um determinado fabricante parecem estar mais envolvidos com o desenvolvimento do BIA-ALCL que os implantes de outros fabricantes. Entretanto, os casos de BIA-ALCL reportados em todo o mundo, envolvem também implantes de outros fabricantes. Já foi reportado, por exemplo, um caso de ALCL relacionado a implantes texturizados colocados nos glúteos (GIA-ALCL).

Dessa maneira, agências sanitárias reguladoras de diversos países mundo afora, orientaram esse fabricante (Allergan) a retirar do mercado os implantes mamários e expansores de pele possuidores desse tipo de texturização. Algumas agências sanitárias internacionais, como a da Austrália, por exemplo, proibiram também a comercialização de implantes mamários com texturização do tipo espuma de poliuretano. O que não aconteceu no Brasil. 

Não existem casos de BIA-ALCL relacionados a implantes mamários de silicone de “superfície lisa”.

A teoria acerca do BIA-ALCL, é que essas texturizações promovem um processo inflamatório crônico, que com o passar dos anos pode promover uma degeneração dos linfócitos do tipo B, e a partir daí, desenvolver o linfoma.

Na grande maioria dos casos o linfoma se desenvolve exatamente na interface entre a superfície do implante mamário (onde está a texturização) e a cápsula fibrosa que o reveste. A cápsula é a resposta que o corpo humano desenvolve toda vez que recebe um implante de silicone, seja na mama, glúteo, panturrilha ou outra parte do corpo.

Mas, é possível que o linfoma já inicie ultrapassando a cápsula fibrosa que o envolve, invadindo o tecido mamário, o que provoca um nódulo ou uma massa na mama. Em outros casos, o linfoma pode manifestar-se como um ou mais nódulos na axila, o que representa a presença da doença nos linfonodos axilares. 

Esse linfoma, uma vez diagnosticado, deve ser tratado por uma equipe multidisciplinar composta por um cirurgião plástico, um mastologista e um onco-hematologista.

Assim, muitas pacientes sadias (sem linfoma) e que tem em suas mamas os implantes da marca Allergan, tem estado preocupadas com o desenvolvimento dessa doença e, em consequência, estão buscando formas de remover seus implantes sem perder o volume. É aí que entra a cirurgia desenvolvida pelo Dr. Daniel Del Vecchio , cirurgião plástico da Harvard University, chamada de SIEF – Simultaneous Implant Exchange and Fat Grafting¹. Traduzindo, remoção dos implantes mamários com imediata enxertia de gordura para compensar parte do volume perdido pela remoção das próteses.

Essa cirurgia envolve remover gordura de partes do corpo, principalmente, do abdome, e após algum tipo de processamento/preparo, enxertar essa gordura nas mamas. Trabalhos mostram que em média, algo em torno de 40% do volume de gordura enxertado permanece nas mamas. É por isso que mais de um procedimento/cirurgia poderá ser necessário. E o intervalo deve ser de 6 meses entre uma cirurgia e outra.

O enxerto de gordura nas mamas necessita de cuidados adicionais se comparados ao enxerto de gordura em outras partes do corpo. Não se deve enxertar gordura no tecido mamário em si, mas pode-se enxertar a gordura no tecido gorduroso que envolve o tecido mamário; na base da mama e, como alguns autores preconizam, enxertar a gordura dentro do músculo peitoral maior.

As células de gordura que não sobrevivem, após serem transferidas para a mama, podem ser absorvidas pelo sistema de defesa do organismo ou podem formar cistos de óleo e/ou formar as conhecidas microcalcificações. Essas microcalcificações cicatriciais podem muito bem ser diferenciadas das microcalcificações produzidas pelo câncer de mama durante uma mamografia ou mesmo durante uma ressonância magnética de mamas.

Por fim, se você está considerando a remoção dos seus implantes mamários por qualquer que seja a razão, agende sua consulta comigo, onde terei a oportunidade de lhe explicar quais são as suas melhores opções.

Satisfação dos Pacientes na Cirurgia de Remoção de Implante Seguida Imediatamente por Enxerto de Gordura²

Fonte: Experience with 131 cases of Simultaneous Breast Implant Exchange with Fat (SIEF). Ohashi, M. Et al. Plast Reconstr Surg Glog Open 2016; 4(4): e691.

1. Del Vecchio DA. “SIEF”—simultaneous implant exchange with fat: a new option in revision breast implant surgery. Plast Reconstr Surg. 2012;130:1187–1196.

2. ). Ohashi, M., et al. Experience with 131 cases of Simultaneous Breast Implant Exchange with Fat (SIEF). Plast Reconstr Surg Glog Open 2016; 4(4): e691.

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